Equador: tragédia e esperança

O Equador é a síntese trágica da América Latina. Quito, sua capital, já foi a segunda maior cidade do império inca, rivalizando com Cuzco em força, prestígio e poder. Após a chegada dos colonizadores espanhóis, a população indígena foi dominada e reduzida à mão de obra superexplorada. Do seu antigo apogeu só restam antigas ruínas e o orgulho dos povos originários que, na atualidade, totalizam 25% da população.

O Equador é um dos países mais pobres do continente. De acordo com dados oficiais de 2022, o país tem 16,5 milhões de habitantes. Mais da metade, isto é, 56% da população, trabalha em empregos informais e o desemprego bate a marca de 20%. Para agravar a situação, 25% dos equatorianos estão mergulhados na pobreza.

Como um câncer em metástase, a violência praticada por grupos estruturados nacionalmente se alastra pelo Equador. As duas organizações criminosas mais poderosas, Los Lobos e Los Choneros, disputam a tiros o controle do tráfico de cocaína no país. Além disso, a corrupção visceral do Estado equatoriano tem paralisado a máquina administrativa, a polícia e a justiça.

Dentro desse contexto caótico, os equatorianos foram às urnas para escolherem o próximo presidente para um mandato de apenas um ano e meio, pois o então presidente Guillermo Lasso dissolveu o Congresso nacional e renunciou ao mandato para não sofrer um impeachment.

Mesmo alarmados com a onda de violência que assola o país, os eleitores participaram ativamente do processo eleitoral. Concluída a votação, dois candidatos foram para o segundo turno: Luisa González (33%) e Daniel Noboa (23%).

Luisa González, de centro-esquerda, é herdeira política do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), atualmente refugiado na Bélgica para não ser preso. Daniel Noboa, de centro-direita, é filho de Alvaro Noboa, um dos empresários mais ricos do país. Quem vencer terá apenas 18 meses para tentar implantar suas propostas. Que os deuses dos Andes protejam os pobres equatorianos.