Herói ou Bufão?

A fronteira que separa o herói do bufão é muito tênue. Depende da sua história, das suas ações e, principalmente, se mantém coerência entre o que diz e o que faz. O herói se sacrifica, concretiza, torna-se real. O bufão simula, engana, revela-se uma farsa.

Em recente publicação em redes sociais, o ex-deputado e atual presidente do PTB, Roberto Jefferson, apareceu empunhando um fuzil automático com a seguinte legenda: “Estou me preparando para o bom combate. Contra o comunismo, contra a ditadura, contra a tirania, contra os traidores, contra os vendilhões da pátria. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos.”

Seu desejo é adquirir a confiança da guerrilha digital que sustenta o presidente Bolsonaro. Se ele convencer essa tropa que se tornou um autêntico bolsonarista, com arma em punho e discurso de ódio, estará a um passo de abrigar o presidente na sua legenda.

Roberto Jefferson tem uma intensa participação na história recente do país. Durante a curta e patética presidência de Collor de Melo (1990-92), liderou a tropa de choque que dava sustentação ao governo. Quando ocorreu a votação do impeachment, foi um dos poucos votos favoráveis para o “caçador de marajás” manter-se no poder.

Sempre camaleônico, Roberto Jefferson também apoiou o governo Lula, ocupando espaço relevante no Congresso Nacional. Mas entrou em rota de colisão com José Dirceu (PT), denunciou o esquema do Mensalão que fazia parte e, em 2012, foi condenado a sete anos de prisão por corrupção.

Depois de fracassar em organizar um novo partido, Jair Bolsonaro precisa de uma legenda para disputar a presidência no próximo ano. O PTB, sob o controle de Jefferson, tornou-se uma possibilidade, desde que seja aceito pelas hostes bolsonaristas.

Após anos de ostracismo político, Roberto Jefferson encontrou uma nova oportunidade de ocupar o proscênio político. Agora afinadíssimo com o discurso bolsonarista, sonha em ter novamente relevância nacional, caso Bolsonaro seja reeleito em 2022.

Onde há governo e suas benesses, Roberto Jefferson sempre estará pronto para apoiá-lo. Seja de esquerda, centro ou direita.