Somos todos animais?
O filósofo Aristóteles, na sua obra seminal A Política, escrita há mais de dois mil anos, afirmou que o homem é um animal político (zoon politikon). Ele não quis ofender a humanidade, nem tampouco os animais. Ele apenas considerava que a diferença entre nós e os bichos era a forma de organização societária e que a política ocupa o centro da nossa existência em comunidade.
Em apoio ao ministro do STF Alexandre de Moraes, o presidente Lula (PT) proferiu uma frase infeliz. Sobre o agressor, ele afirmou que: “Um indivíduo como esse é um animal selvagem, não um ser humano.” “Essa gente que nasceu no neofascismo colocado em prática no Brasil tem que ser extirpada.” Esse não é um posicionamento de um estadista, principalmente quando as investigações ainda estão em curso.
Lula é a quintessência do animal político, no sentido aristotélico, é claro. Sua sensibilidade social e sua habilidade política o transformaram na maior liderança popular do Brasil no século XXI. Mas isso não lhe dá o direito de ofender quem quer que seja: homem ou animal. É um erro político. É anticivilizatório.
Jair Bolsonaro (PL) adquiriu força política e respaldo social pregando o ódio e a violência. Os bolsonaristas radicais ganharam espaço nas mídias propagando fake news e ofensas generalizadas. Esse foi e continua sendo o modus operandi da extrema direita, no Brasil e no mundo.
Lula foi eleito presidente porque demonstrou ser diferente, na retórica e nos atos, de Bolsonaro. A maioria dos eleitores decidiu por aquele que defendia as instituições, a democracia e os direitos humanos. Para manter seu prestígio e liderança, Lula deveria seguir o perspicaz conselho de Aristóteles. “O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa tudo o que diz.”