Moro na Paraíba: pré-candidato é adversário de si mesmo
Sérgio Moro, ex-juiz e ex-ministro de Jair Bolsonaro, esteve na Paraíba no fim de semana para cumprir agenda de pré-campanha. Moro deve disputar a presidência da República pelo Podemos. Deve porque só com as convenções partidárias as candidaturas serão oficializadas. Até lá, tudo é incerteza.
O currículo agrada uns e desagrada outros. Moro foi considerado suspeito e teve as sentenças da Lava Jato contra o ex-presidente Lula anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Antes, deixou a magistratura para participar do primeiro escalão do governo que acabou ajudando a eleger quando mandou prender o candidato que liderava a disputa presidencial em 2018. Por isso foi duramente criticado. Por outro lado, a bandeira que empunhou de ‘combatente da corrupção’ o tornou o ‘queridinho’ de boa parcela de eleitores.
Agora, como político, Moro se fia no discurso moral que marcou as eleições passadas. Seu desempenho, no entanto, para ser ruim, ainda precisa melhorar muito. Em entrevista à Rede MaisPB, quando questionado sobre a Lava Jato que ruiu com a decisão do STF, Moro se perdeu e comparou a operação ao Plano Real: “está vendo hoje a inflação aumentar? O Plano Real fracassou? Não”, disse.
A resposta não poderia ser mais equivocada. O sucesso ou a derrota de uma política econômica depende muito das decisões políticas de um governo. Já as decisões de um juiz não podem nem devem ser políticas, mas exclusivamente legais. A comparação, portanto, não tem sentido e só acentua a despolitização do pré-candidato. A passagem de Moro pela Paraíba mostrou que ele é adversário de si mesmo. Não lhe falta só traquejo, falta honestidade.