‘Efeito Elon Musk’: bolsonaristas crescem até 300%; mas interações desabam no Twitter
As últimas horas foram marcadas pelo acordo de Elon Musk para comprar o Twitter por cerca de 44 bilhões de dólares. Mas houve também um “movimento estranho” na rede social envolvendo figuras da extrema-direita no Brasil e nos Estados Unidos, que registraram um grande aumento de seguidores simultaneamente a uma queda acentuada nas interações. è oq ue mostra um levantamento feito pela Carta Capital. O veículo ouviu especialistas sobre o que pode ser chamado “efeito Elon Musk”.
A avaliação é de Pedro Barciela, analista de redes sociais online com foco em política. Os dados coletados pelo especialista apontam que, entre 24 e 25 de abril, o presidente Jair Bolsonaro ganhou 31 mil seguidores, 155% a mais do que obteve nos dois dias anteriores.
Outros personagens de destaque no bolsonarismo experimentaram um cenário semelhante. A deputada Carla Zambelli (PL-SP) ganhou 23 mil novos seguidores, 307% a mais que no período anterior. A deputada Bia Kicis (PL-DF), 19 mil – ou 368% a mais.
O clã presidencial também surfou a onda. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) obteve 19 mil novos seguidores, 358% a mais que no período anterior. Já o deputado Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ganhou 17 mil, 300% a mais.
Ao mesmo tempo em que disparavam os seguidores, despencavam as interações: Zambelli caiu 10%, Carlos 60% e Flávio 55% no intervalo.
Christopher Bouzy, um especialista em dados nos Estados Unidos e criador do perfil Bot Sentinel, identificou um movimento parecido no país: “Nas últimas 24 horas, os democratas tiveram uma diminuição significativa de seguidores, enquanto os republicanos tiveram um aumento significativo”.
A CartaCapital, Pedro Barciela disse não ser possível explicar as causas de um aumento tão significativo no contingente de seguidores acompanhado de uma queda vertiginosa nas interações, como likes, compartilhamentos e comentários. Segundo ele, não há sinais de que o bolsonarismo tenha conseguido falar para fora de sua bolha no episódio protagonizado pelo deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).
“Se fosse só aqui no Brasil, a gente poderia especular sobre inúmeras coisas, mas me chama a atenção por ser algo que também rolou nos Estados Unidos”, afirmou Barciela. Para ele, também não é possível ligar o comportamento desses perfis à compra do Twitter por Elon Musk, nem houve qualquer movimento de retorno em massa de usuários de extrema-direita à rede social após o negócio.
“Não foi algo dentro do Twitter. Eles nunca saíram. Fazem todo aquele processo de fomentar que pessoas migrem para outras plataformas, mas eles não saem do Twitter, do YouTube, do Telegram… Eles não saíram e não tem nada que indique que isso seria algo orgânico”, prosseguiu. “Até porque, se fosse orgânico, a partir do momento em que você ganhou 358% a mais de seguidores – como no caso do Carlos Bolsonaro -, eles passariam a interagir com a sua conta. No máximo, você ficaria com um volume estável de interações.”