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Lula desafia países ricos, defende protagonismo do Sul global e “acordos justos e igualitários”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou presença nesta sexta-feira (23) na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, em Paris, fazendo um discurso enfático sobre a necessidade de maior participação do Sul global nas decisões internacionais. Diante de aproximadamente 40 líderes mundiais, Lula criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto anunciava metas para o combate ao desmatamento e apelava por acordos justos e o combate à desigualdade.

Em seu pronunciamento, Lula destacou o papel do Brasil como contraponto ao sistema internacional e enfatizou o desejo de fortalecer a presença do Sul global em fóruns de tomada de decisões, como o G20. O presidente também ressaltou a intenção de ampliar a atuação do Banco do Brics, investindo em infraestrutura nos países mais pobres, e mencionou a possibilidade de criação do Banco Sul, ligado ao Mercosul, visando realizar transações comerciais com moeda local em vez do dólar.

O líder brasileiro colocou as questões ambientais e climáticas no centro de seu discurso, destacando que esses problemas estão intrinsecamente ligados à desigualdade global. Lula anunciou que o Brasil sediará a COP-30 em um país amazônico, com o objetivo de discutir propostas para combater o desmatamento. Ele também mencionou a importância de estabelecer parcerias com países como Congo e Indonésia, que possuem grandes florestas e enfrentam desafios semelhantes.

No contexto dos acordos com a União Europeia, Lula manifestou seu interesse em fechá-los, porém ressaltou a necessidade de que sejam justos. O presidente questionou a carta adicional apresentada pela União Europeia, que impôs restrições ao acordo, e enfatizou a importância de resolver tais impasses para fortalecer a parceria estratégica entre os blocos.

A desigualdade mundial também foi um tema central abordado por Lula. Ele destacou as disparidades salariais, raciais, de gênero, educação e saúde como principais causas de miséria, fome e pobreza em países da América Central, América Latina e África. O presidente fez críticas contundentes ao FMI, ao Banco Mundial e à ONU, argumentando que essas instituições precisam se adequar aos interesses e aspirações da sociedade atual.

Lula mencionou o esvaziamento da Organização Mundial do Comércio (OMC) e destacou a necessidade de investimentos em infraestrutura para impulsionar o desenvolvimento dos países. Ele frisou a importância de discutir a desigualdade e convocou a inclusão dos desiguais e diferentes nos fóruns internacionais, para enfrentar a pluralidade dos problemas globais.

“Não podemos aceitar que o mundo continue sendo governado apenas pelos interesses dos países ricos, enquanto os mais pobres são deixados à margem das decisões. Precisamos construir um novo paradigma global, onde haja espaço para a diversidade, a solidariedade e a justiça. É hora de os países do Sul global levantarem suas vozes, unirem-se e reivindicarem seu lugar legítimo na construção de um mundo mais justo e equilibrado. Juntos, podemos enfrentar os desafios ambientais, combater a desigualdade e promover um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. Chegou o momento de uma nova ordem global, onde a inclusão e a cooperação sejam os pilares fundamentais. Acredito no potencial transformador do Sul global e na capacidade de construir um futuro melhor para todos. Vamos juntos moldar um mundo mais humano e solidário, onde ninguém seja deixado para trás”, disse Lula.

O discurso de Lula na cúpula, como se vê, ressaltou sua visão de um Brasil atuante no cenário internacional, comprometido com a sustentabilidade, a justiça social e a equidade nas relações internacionais. Suas críticas às instituições internacionais e seu apelo por uma maior representatividade do Sul global ecoaram entre os líderes presentes, abrindo caminho para debates e possíveis transformações nas relações globais.

Foto capa: Presidente Lula falou em Paris, na Cúpula para Novo Pacto Financeiro Global (Ricardo Stuckert/PR).