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Investimento de R$ 10 milhões impulsiona vacina contra vício em crack e cocaína desenvolvida por bolsistas da CAPES

O Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidade e Saúde (Naves) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) esenvolveu uma vacina capaz de proteger as pessoas do vício em crack e cocaína. O projeto pioneiro, que teve início em 2015, obteve um significativo impulso com um investimento de R$ 10 milhões provenientes da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Os pesquisadores da UFMG dedicaram anos ao aprimoramento do imunizante, conduzindo fases pré-clínicas que envolveram testes em animais, incluindo camundongos e primatas, os quais comprovaram tanto a segurança como a eficácia da vacina. Com o apoio financeiro inicial da Fapemig, a próxima etapa será dar início aos ensaios clínicos em seres humanos.

A base da vacina consiste em moléculas modificadas da própria droga. Nos testes com animais, a vacina estimulou o sistema imunológico a produzir anticorpos que se ligaram à droga presente na corrente sanguínea dos animais. Essa interação aumentou o tamanho das moléculas da substância entorpecente, impedindo sua passagem pela barreira hematoencefálica, responsável pelo controle do transporte de substâncias entre o sangue e o sistema nervoso central.

Com o bloqueio efetivo da droga de alcançar o cérebro, os animais não apresentaram os efeitos característicos da substância. A expectativa dos pesquisadores é que esse efeito se repita nos testes com seres humanos, resultando na drástica redução da vontade de consumir crack e cocaína, o que contribuirá significativamente para combater o vício e seus efeitos devastadores.

O estudo contou com o trabalho de duas bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Juliana Sad e Raíssa Lima, ambas formadas em Biomedicina e engajadas em diferentes aspectos do projeto. A doutoranda em Medicina Molecular, Raíssa Lima, concentrou seus esforços na padronização de um teste imunológico que pode determinar a eficácia da vacina. Por sua vez, Juliana Sad concentrou-se em estudar a segurança da vacina em gestantes.

De acordo com informações do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o número atual de usuários de crack e cocaína em todo o mundo é estimado em cerca de 275 milhões, dos quais aproximadamente 36 milhões enfrentam transtornos relacionados ao consumo dessas substâncias. Além disso, o órgão destaca que a oferta global de cocaína atingiu níveis históricos em 2020, alcançando a produção de cerca de 2 mil toneladas.