Opinião

PT aprova estratégia de alianças ampla para 2024, incluindo diálogo com setores do PL

Nesta quarta-feira (30), a Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou as primeiras resoluções destinadas a orientar o partido nas eleições de 2024. As decisões, aprovadas em uma reunião realizada na última segunda-feira (28), têm como destaque principal a política de alianças adotada pelo partido.

Uma das resoluções mais significativas é a aprovação de uma política de alianças ampla e abrangente. Nessa direção, não foram estabelecidos vetos explícitos, permitindo inclusive a possibilidade de alianças com setores não alinhados ao bolsonarismo dentro do Partido Liberal (PL).

Durante a reunião, a Executiva Nacional rejeitou por uma estreita maioria de dois votos uma emenda que propunha o veto a alianças explícitas com o partido liderado por Bolsonaro, o PL, e com segmentos ligados ao bolsonarismo presentes em outras agremiações. A decisão final permite que, nos municípios em que o PL desejar se aliar ao PT, essa composição seja realizada, desde que os membros liberais estejam dando apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A resolução estabelece uma hierarquia que prioriza aliados na corrida presidencial. No contexto da política de alianças delineada, o diretório nacional do partido definiu a possibilidade de cooperação com diversos grupos. Isso inclui a autorização para alianças com a federação composta por PSOL e Rede, bem como a aprovação de parcerias com partidos e lideranças que apoiaram Lula no primeiro turno das eleições de 2022. Além disso, a resolução salienta que não é necessário obter aprovação prévia para estabelecer alianças com partidos e líderes que endossaram Lula no segundo turno das eleições de 2022. Essas diretrizes estão detalhadas no documento oficial do partido.

A direção nacional do PT, antecipando um dos passos mais cruciais de sua estratégia eleitoral, ressalta que seu foco nas eleições de 2024 será a construção de uma aliança popular e democrática ampla e sólida, sem impedimentos para uma aliança , por exemplo, com o Progressistas na Paraíba e,  particularmente em João Pessoa, onde a legenda declarou apoio a Lula nas eleições presidenciais e agora.

Há, de pronto, dois pontos a considerar aqui:

  1. Em fevereiro esta colunista antecipou esse debate e falou da aproximação de Cícero Lucena com a esquerda paraibana. Bastaria lembrar de seu vice, Léo Bezerra, do PSB, partido do governador João Azevêdo, aliado do prefeito de João Pessoa. Mas para além disso, veio o convite do PDT para que ele migrasse para a legenda em razão, de acordo com o veredor Junio Leandro, presidente municipal, do alinhamento político do gestor com o partido e com o campo progressista; o próprio Cícero, à época, falou em “alinhamento”  de sua gestão com a de Lula, reforçando essa ideia e pavimentando o terreno para uma futura aliança e apoio do petista à sua reeleição. Tudo o que acontece agora, incluindo a Resolução do PT, alimenta essa probalidade – para a revolta de muitos militantes da esquerda, em especial do PT, que reagiram à análise de conjuntura com incredulidade e certa agressividade.  O tempo, as costuras e o cenário mostram que leitura estava correta.
  2. A Resolução entrega o pragmatismo da política brasileira e a lógica das eleições municipais, onde não existe ideologia partidária, mas a ideia de sobrevivência.  Por outro lado, pode indicar a desidratação do bolsonarismo a partir do desembarque do setores do PL. É possível. Contudo, uma aliança PT/PL não deixa de ser equivocada: representa enorme prejuízo para o partido porque o iguala aos demais e o torna farinha do mesmo saco.

Foto: Reunião da Eecutiva Nacional do PT – Agência Brasil