Hospital de João Pessoa é administrado só por mulheres
A realidade brasileira ainda é de barreiras para o desenvolvimento profissional feminino. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que, apesar de ter mais anos de estudo, as mulheres ocupam 39,1% dos cargos de liderança no país. O Fórum Econômico Mundial revelou que serão necessários 131 anos para equiparar diferenças e alcançar igualdade entre os gêneros.
Em mais um Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta-feira, 8 de março, os dados apontam desafios para o desenvolvimento profissional feminino. A equiparação está longe de acontecer, mas em um Hospital de João Pessoa o avanço é mais significativo e prático, com mulheres ocupando toda a gestão da unidade de saúde.
É o Hospital Geral da Paraíba, da Hapvida Notre Dame Intermédica, cujos cargos de liderança têm elas no comando, incluindo diretoria médica, administrativa e de enfermagem.
A pediatra e diretora médica da unidade, Georgia Campos, celebra a inclusão nas posições de gerência. “A presença de mulheres nessas posições não apenas promove a diversidade, mas também traz inovação e eficiência. Vamos continuar apoiando e promovendo ativamente a participação das mulheres em todos os níveis de liderança, pois isso não apenas fortalece nossa equipe, mas também melhora a qualidade do cuidado que oferecemos aos nossos pacientes”, avalia.
Gerente de enfermagem do Hospital Geral da Paraíba, Agnes Meir está no cargo há três anos e conta que precisa adquirir conhecimento diariamente, já que a função requer atualização constante. Esse foi apenas um dos desafios superados ao longo de sua carreira. “Sendo mulher e negra, essa é uma forma de valorização e superação dentro de uma sociedade onde a maioria dos cargos são ocupados por homens e brancos. Exercer essa função é uma afirmação pessoal muito importante”, revela.
A gerente administrativa do Hospital, Denise Dumrauf, chegou há pouco na equipe paraibana, mas há cerca de 18 anos integra a equipe Hapvida. Ela iniciou como operadora de call center, e há 7 anos ocupa funções de gerência, sendo a promoção mais recente quatro meses atrás, quando saiu de Fortaleza e chegou em João Pessoa.
Antes de compor a Hapvida, já teve outras experiências, não tão positivas, onde não se sentiu valorizada. “Já trabalhei no comércio e me senti muitas vezes sem esperança, sem oportunidades e falta de reconhecimento. O hospital, sendo uma exceção com muitas mulheres no comando, é inspirador. Sinto-me honrada por liderar e contribuir para um ambiente inclusivo, onde as habilidades e perspectivas femininas são valorizadas”, pontuou.
Cenário nacional – Em todo o país, a Hapvida Notre Dame Intermédica tem implantado uma política de inserir mais mulheres em cargos de gestão. Na maior operadora de saúde da América Latina, dos 66 mil colaboradores, 70% são mulheres. Em cargos de liderança, elas representam 69%.
Mais estudo, menos reconhecimento – Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que as mulheres empregadas têm em média 12 anos de estudo, enquanto homens chegam aos 10,7 anos de aprendizado. Apesar de serem percebidos avanços, o ritmo é lento: em dez anos, o índice de empregabilidade feminina cresceu 6,4% no Brasil.