Adeus 2021! Salve 2022! 

Nesta data não há como começar sem desejar a todos os leitores muitas felicidades, saúde e combatividade no ano que se inicia. Sinceramente gostaríamos que neste novo ano a abundância, a alegria e a felicidade se instalassem em todos os lares por este país afora. O ano que passou não nos deixou saudades, mas só uma sensação de alívio. Há pouco para comemorar e muito a lamentar.  Além dos mais de 600.000 mortos e um número não contabilizado de sequelados pela pandemia temos um país destruído. As decisões tomadas pelo governo fascistoide do Bolsonaro, apoiado por uma burguesia incompetente e reacionária e por forças armadas conservadoras e antidemocráticas arruinaram a economia e o prestígio que a duras penas o país havia conquistado entre as nações. A política econômica praticada pelo sinistro Paulo Guedes e seus “Chicago oldies” somada às decisões do governo sabotando o enfrentamento ao covid 19 provocaram o aumento do desemprego, da pobreza, da miséria, da fome, das falências das empresas, da inflação com a transformação em estagflação, do risco fiscal. Levaram à desvalorização cambial, à queda da bolsa e dos investimentos consequência da elevação dos juros.

Apesar de desejar a todos as maiores felicidades temos de passar do sonho à realidade. Com isto somos forçados a reconhecer que as coisas não seguirão os nossos desejos. Pelo contrário, as perspectivas são muito, sombrias. Comecemos com o panorama geral do final de 2021. Apenas o desemprego teve um pequeno alívio no final do ano. A taxa caiu de 13,7% para 12,1% no trimestre, mas ainda há 13 milhões de desempregados e a renda média é a menor da história. Além disso os novos empregos criados elevaram o número de trabalhadores por conta própria para 25,6 milhões e os informais para 38,211 milhões em uma população empregada total de 93,958 milhões, segundo a Pnad Contínua do IBGE. 

Isso para referir apenas algumas consequências do desastre de 2021. Diante deste quadro o que nos promete o ano de 2022?

O jornal Valor Econômico consultou 14 economistas de várias universidades, não ligados ao governo e a opinião foi unânime: não se pode esperar deste governo nada de bom no ano que se inicia exceto a sua derrota nas eleições. Os prognósticos e estimativas de várias entidades e bancos apontam este quadro recessivo. O Boletim Focus do Banco Central (BC) apura a mediana para o crescimento do PIB de 0,5%. A consultoria MB Associados propõe crescimento zero, o Itaú-Unibanco sugere queda de -0,5%. Para a taxa de juros de referência Selic as estimativas vão de 10% (Boletim Focus) até 11,75% (mediana dos economistas de 107 instituições financeiras). 

O Banco Central (BC) continua prometendo a elevação da Selic, taxa de juros de referência que o governo promete pagar pelos seus títulos e dívidas. Esta taxa serve de base mínima para todo o sistema financeiro e na medida que sobe arrasta as taxas de juros de todas as operações desestimulando os empréstimos e travando os investimentos já prejudicados pelas incertezas fiscais e políticas. O calote da PEC dos precatórios estourou a âncora fiscal. Com isto o teto que limitava as despesas foi rompido. E tudo fez parte da campanha eleitoral do residente em busca da reeleição. Foi o preço pago para o aumento das despesas com os fundos partidários, as emendas do relator para comprar o congresso, o subsídio dos caminhoneiros, a Renda Brasil e o aumento dos funcionários do setor de segurança. Com isto foi para o ar o programa de austeridade do sinistro da economia Paulo Guedes cuja credibilidade já abalada, desmoronou. Espera-se então a continuação da inflação, a elevação dos juros, a desvalorização da moeda, a manutenção do desemprego, os baixos salários, o crescimento da informalidade e da pobreza etc. É o agravamento do quadro que desenvolveu no ano que se foi. 

Mas, há ainda um agravante internacional. Os Bancos Centrais do mundo já anunciam a elevação dos juros o que provocará a migração dos capitais para os países mais desenvolvidos particularmente para os EUA. Com isto as condições de financiamentos internacionais tendem a piorar, juntamente com os investimentos estrangeiros. Não podemos contar com investimentos do estado já que o orçamento aprovado não abre espaço para isto. Muito menos os capitais nacionais tomarão qualquer iniciativa diante da insegurança política e fiscal e a falta de credibilidade do governo cada vez maior. Para completar temos a variante Ômicron do corona vírus que promete não dar tréguas e a OMS alertou o mundo para a possibilidade de uma catástrofe. A agência Moody’s Analitics, agência internacional de avaliação de riscos, já reduziu sua estimativa para o crescimento do PIB americano de 5,2% para 2,2%. 

Mas o nosso presidente, desesperado com o resultado das pesquisas eleitorais que prenunciam sua derrota, e ameaçado por uma onda de pedidos de aumento de salários dos funcionários públicos, continua firme em sua cruzada antivacina, mesmo de férias, e a abrir aboca vociferando contra a democracia como de costume.

Há que estar preparados pois é uma forte possibilidade haver uma tentativa de virar a mesa caso os prognósticos de derrota se tornem uma certeza. 

Muita violência é possível neste 2022. Que outubro venha depressa para nos livrar da besta do apocalipse antes que não reste mais nada deste país.