Lula não está eleito
Um clima de euforia tem tomado conta dos grupos de esquerda. Todas as pesquisas confiáveis têm apontado tendência de vitória de Lula (PT) na próxima eleição presidencial contra qualquer candidato, seja Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Sérgio Moro (Podemos) ou mesmo Jair Bolsonaro (PL).
O cenário é favorável ao candidato do PT, mas não decisivo. Desde que foi aprovada a reeleição, todos os presidentes foram reconduzidos ao cargo: FHC (PSDB) em 1998, Lula (PT) em 2006 e Dilma (PT) em 2014. O cargo de presidente dá uma projeção política extremamente vantajosa, além de uma caneta que pode liberar bilhões em verbas federais e milhares de cargos para contemplar aliados.
É verdade que, para a maioria dos eleitores, Bolsonaro (PL) tornou-se o pior presidente da história do Brasil. Nenhum dos presidentes anteriores, que disputaram a reeleição, tinham índices tão altos de rejeição. Desde que subiu a rampa do Palácio do Planalto, Bolsonaro vem sofrendo sucessivas quedas de popularidade.
Até o presente momento, a disputa está polarizada entre Lula e Bolsonaro, com flagrante vantagem para o candidato petista. Um representa o ideal de opositor para o outro. Para boa parte do eleitorado, os dois são lados antagônicos do processo político.
Isso se o cenário político se mantivesse estático. Mas qualquer disputa eleitoral é uma guerra de vale-tudo, principalmente para o atual grupo palaciano que, com táticas milicianas de espalhar fake news e compra de apoio parlamentar sem pudor, quer permanecer no poder a qualquer preço.
Outros fatores podem alterar a disputa. Se o número de mortos da pandemia continuar caindo, os 400 reais do Auxílio Brasil não forem corruídos pela inflação e o Brasil retomar o crescimento nos próximos meses, Bolsonaro recupera musculatura política e torna a ser o candidato da elite econômica que governa o país desde 1822. A recuperação política de Bolsonaro é muito difícil, mas tecnicamente possível.
Essa elite brasileira mantém a mentalidade escravocrata. É racista, machista e tem horror a pobre. Por ela, as vagas das universidades, as cadeiras dos aviões e os cargos públicos de relevância ficariam apenas para seus filhos brancos. Por isso, continua apoiando Bolsonaro e farão de tudo para que Lula não volte ao poder.
Para lulistas e bolsonaristas mais apaixonados cabe um lembrete: política é arte e ciência, emoção e razão. A disputa presidencial está apenas começando.