O “fiútestvér” de Bolsonaro

Na calada da noite, em plena segunda-feira de Carnaval, Jair Bolsonaro (PL) foi abrigar-se na embaixada da Hungria, país liderado pelo primeiro-ministro Viktor Orbán.

Ele afirmou, em depoimento por escrito à Polícia Federal, que fora “discutir política” com o embaixador húngaro. Na verdade, tudo indica que Bolsonaro queria mesmo era fugir de uma possível prisão. Mas por que logo a Hungria?

O presidente da Hungria Viktor Orbán, a quem Bolsonaro chama de irmão (fiútestvér em húngaro), está no poder desde 2010. Ele ascendeu na política a partir de 1989, durante a derrocada do comunismo no país. A partir daí, sua carreira foi meteórica.

Em 1993, já como deputado da Assembleia Nacional, Victor Orbán passou a liderar o partido Fidesz (União Cívica Húngara). Sob sua direção, o Fidesz foi abandonando o programa liberal clássico e assumindo uma diretriz de extrema direita. Seu regime passou a ser denominado iliberal, em consequência das medidas conservadoras e autoritárias adotadas.

Mas o prestígio político de Viktor Orbán está derretendo rapidamente. Seu governo está sob fortes acusações de corrupção e escândalos sexuais, que o envolvem diretamente, além de seus principais aliados. Nas últimas semanas, Orbán vem enfrentando uma onda de protestos nas ruas, principalmente na capital Budapeste, onde milhares de pessoas pediram sua renúncia.

Caso continue com a ideia de pedir asilo na Hungria, Bolsonaro precisa agir rápido. Seu “irmão” corre sério risco de ser defenestrado do cargo de primeiro-ministro pela revolta popular que se alastra pelo país.