Um bom Natal, e um Ano Novo… o melhor possível

Os atos de vandalismo e a baderna provocada em Brasília pelas hordas de bolsomínions enfurecidos pela prisão do farsante pastor-cacique Serere ainda ressoam, enquanto os caminhões de mudança discretamente continuam a trabalhar no Palácio daAlvorada. Mas os fanáticos ainda esperam mais 72 horas pois o “mito” vai ressurgir das profundas dos infernos com o seu prometido golpe. O delírio continua a ser alimentado pelo próprio presidente com seu silêncio ou suas declarações e pela conivência de autoridades policiais e militares que facilitam o apoio aos acampamentos nas áreas dos quarteis do exército que se transformaram em covís de marginais, valhacouto de bandidos. Triste papel dos comandantes destes quarteis que se tornaram coiteiros de terroristas. Foi dos acampamentos dos quarteis de Brasíliaque partiram os desordeiros que tocaram o terror nas ruas da capital durante a diplomação dos eleitos sem que houvesse nenhuma repressão por parte das autoridades policiais. Até quando estes abusos serão tolerados sem que os responsáveis sejam punidos?

A tensão aumenta com a aproximação do dia da posse do novo presidente.As ameaças de atentados para impedi-la sucedem-se, o que parece não preocupar os eleitos, pois as nomeações dos futuros ministros e auxiliares continuam a ocorrer a cada dia como se nada de extraordinário estivesse ocorrendo. À medida em que os nomes são divulgados, os ânimos vão se acalmando com os esperneios previsíveis. As questões econômicas são as que provocam os maiores ataques de pelanca do tal “mercado”, acompanhados pelo coro de muitos analistas partidários da austeridade fiscal a todo custo e jornalistas mercenários a serviço dos setores mais reacionários da burguesia. Até esquecem os desmandos do governo com os estouros do teto, os atos eleitoreiros de última hora e a farsa de orçamentoaprovado, irresponsável e irrealizável.

Mas, Bolsonaro não perde tempo e se despede assinando atos administrativos apressados, tentando aproveitar os momentos finais para nomear seus cupinchas que ficarão desempregados e complementar seus planos de destruição do país. Como ele mesmo afirmou o que ele sabe fazer é matar, foi isto que aprendeu como oficial de artilharia. E foi tão mau aluno que o exército não o quis.Mas, o pouco que aprendeu foi suficiente para matar, não apenas pessoas(só na pandemia mais de 600.000), mas um país. A destruição que o seu governo causou levará muito tempo para ser reparada. O novo governo enfrentará um primeiro ano infernal pois as bombas econômicas de efeito retardado deixadas por elejá começaram a estourar. Lula vai cansar o braço de tanto assinar papeis desfazendo as aberrações que o outro fez e continua fazendo enquanto estiver no planalto. Foi executado um projeto político-ideológico de redução do Estado, desorganizando e desmontando os serviços essenciais.Bolsonaro foi o braço maldito, mas a cabeça anda viva por aí. Torna-se imperioso, além de um “revogaço” geral, a vigilância permanente.

Enquanto isso, a desaceleração da economia continua em marcha, como temos demonstrado. O próprio Banco Central (BC), em seu relatório de inflação de dezembro, prevê que em 2023 o PIB crescerá apenas 1%, a indústria terá crescimento zero e os serviços 0,9%. Só a agricultura terá crescimento (7%), mas a Formação Bruta de Capital Fixo, indicador dos investimentos, crescerá apenas 0,3%. O BC atribui tudo isto à taxa de juros real elevada que, já no último trimestre do ano atual, chegou a 7,8%.O BC divulgou ainda o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado indicador antecedente do crescimento do PIB.Este Índice mostrou uma desaceleração de -0,05%, agora em outubro. Lembremos que, em setembro, indicou um crescimento de apenas 0,05%. Se considerarmos a grande possibilidade de agravamento da situação internacional,a inflação pode piorar e levar o BC a aumentar ainda mais a taxa Selic o que agrava a desaceleração. O orçamento fantasma e as irresponsabilidades eleitoreiras do governo Bolsonaropodem provocar um agravamento da dívida pública o que criará maiores dificuldades no primeiro ano do novo governo.Uma situação difícila ser enfrentada.

Se o BC faz previsões pessimistas para o próximo ano a economia já emite agora sinais negativos que permitem antever o que se aproxima. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, mostrou uma queda de -0,6% no volume de serviços, em outubro. Três das cinco atividades recuaram, com destaque para os Transportes, -1,8% e serviços prestados às famílias -1,5%. Estes dados levam os analistas e a própria FGV Ibre a prever uma desaceleração geral no quarto trimestre deste ano. Aqui nesta coluna temos seguidamente alertado para estes fenômenos.

Internacionalmente a situação também não é das melhores. Tudo indica que a economia mundial deve desacelerar. Por um lado, a guerra da Ucrânia, além dos milhares de mortos, vem provocando grande destruição. O povo ucraniano paga com a vida a irresponsabilidade de seus dirigentes, particularmente do palhaço Zelensky, enquanto os americanos executam seus planos de expansão e desgaste da Rússia, considerada seu inimigo principal. Continua arregimentado os aliados europeus para o financiamento da guerra e eles próprios gastam bilhões de dólares em ajuda militar. Isto é muito bom para a indústria bélica dos EUA, mas representa um sangramento nos recursos disponíveis para promover o desenvolvimento e o bem-estar de seu próprio povo.

Para complicar mais a situação, agora os americanos passaram a admitir que o pior inimigo é a China e estão pressionando seus aliados para aderirem a grande campanha lançada para criar um bloqueio comercial aos chineses. Já há algumas dezenas de empresas chinesas na lista negra por eles preparada. A desculpa é impedir que a China tenha acesso aos chips de última geração para não os usar em seus armamentos.Ao mesmo tempo procuram estabelecer alianças no pacífico com outros países a fim de bloquear militarmente os chineses. Criam-se assim mais tensões e entraves ao comércio mundial. A China já entrou com uma representação na Organização Mundial do Comércio contra os americanos.

Com isto o que se espera é maior desorganização no comércio internacional, dificuldades no abastecimento, desestruturação das cadeias de valor, aumento da inflação e do desabastecimento, dificuldade de obtenção de matérias primas e componentes etc.

Desaceleração das economias, aumento da inflação e do desemprego, aumento das tensões internacionais, eis o que nos espera em 2023.

Apesar de tudo desejo a todos um bom Natal. Um bom ano novo é mais difícil.