Um grande comício
7 de setembro de 2022. Essa data entrou para a história como o espetáculo mais grotesco e burlesco promovido por um presidente do Brasil. Era para ser uma festa cívica. Transmormou-se num grande comício.
Na ânsia de angariar votos, Bolsonaro mobilizou a máquina pública federal com um único objetivo: crescer na corrida presidencial. Se conseguiu, só as próximas pesquisas dirão.
Mas o que ele promoveu durante o dia merece entrar na história como um verdadeiro escárnio com uma data cívica tão importante para o Brasil. Bolsonaro praticou abuso de poder econômico e abuso de poder politico. Ambos crimes tipificados na legislação eleitoral.
Em seus pronunciamentos, sempre acompanhado do histriônico Luciano Hang, Bolsonaro vociferou contra o candidato da esquerda, seu principal adversário, tirando do armário o esqueleto do comunismo. Por sua trajetória política e amizades com grandes empresários, Lula é tão comunista quanto o papa Francisco é um pastor protestante.
Mesmo não atacando as urnas eletrônicas, para a frustração dos bolsonaristas mais sectários, Bolsonaro voltou suas baterias contra o STF. Ameaçou que, caso seja reeleito, irá enquadrar os ministros do Supremo.
O ponto alto do seu dia de campanha foi o pronunciamento no Rio de Janeiro. Depois de repetir a mesma cantilena do bem contra o mal diante de uma multidão verde-amarela concentrada na praia de Copacabana, Bolsonaro foi mais Bolsonaro. Usando o termo chulo “imbrochável” neologismo inventado por ele mesmo, fez refência à sua macheza ao afirmar que escolheu uma princesa para casar.
Os bolsonaristas foram ao delírio. A cultura machista, um dos elementos constitutivos do bolsonarismo, precisa constantemente reafirmar a masculinidade com palavras e gestos de conotação sexual.
Bolsonaro mostrou força política. Milhares de pessoas foram às ruas em todo Brasil para exaltarem seu presidente candidato. O desafio agora é sair da bolha bolsonarista e conquistar milhões de votos que já estão cristalizados nas diversas candidaturas adversárias.