No dia mundial da segurança alimentar: fome e desnutrição é realidade de muitos lares paraibanos
No dia mundial da segurança alimentar, uma pesquisa revela que 59,4% dos domicílios brasileiros relatam falta de alimentos e fome. Em muitos lares não a quantidade, como a qualidade dos produtos vem comprometendo o desenvolvimento e a nutrição de crianças e adultos.
O levantamento foi feito pelo Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça: Poder, Política e Desigualdades Alimentares na Bioeconomia (Alemanha), em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade de Brasília (UnB). A pesquisa foi realizada entre novembro e dezembro de 2020 com 2 mil pessoas. Famílias relatam ainda que não dispõem da quantidade e da qualidade adequadas de alimentos ou estão frequentemente preocupados com a futura falta de alimentos, o que compromete as escolhas.
Na Paraíba, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) mostra que em mais da metade dos domicílios, cerca de 676 mil, há algum tipo de insegurança alimentar. Os números oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mas a situação atual pode ser muito pior. Isso porque o ultimo levantamento foi feito em 2017, antes da pandemia. Na época, o percentual de famílias nessas condições no estado (53,5%) foi maior do que as médias do país (36,7%) e do Nordeste (50,3%). Em tempos atuais de desemprego, a fome é um tema muito mais preocupante.No ano passado o Censo foi adiado e este ano de 2021, cancelado por falta de recursos, o que impede uma visão real do probelma em todo país.
A segurança alimentar é um direito humano contemplado no artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. No Brasil, desde 2010, este direito está assegurado entre os direitos sociais e previsto no Artigo 6º da Constituição Federal. No entanto, a realidade atual no país está longe do cumprimento dessas garantias.
A insegurança alimentar pode ser entendida como não é só a falta, mas também a substituição de alimentos riscos em nutrientes e vitaminas, por alimentos mais baratos, que, muitas vezes, são aqueles ricos em farinhas e açúcares, na tentativa de compensar o preço dos alimentos. O que acontece porque as famílias não tem dinheiro sufuciente para alimentar todos os integrantes de uma casa.
Dados da pesquisa:
Voltando à pesquisa da UFMG/UNB, ela aponta que a insegurança alimentar existe mesmo em lares que foram atendidos pelo auxílio emergencial. A dificuldade ou alimentação sem qualidade foi relatada em 74,1% dos lares pesquisados.
Já o Data Favela aponta que 68% dos moradores afirmam que, nos últimos 15 dias, em ao menos 1 dia faltou dinheiro para comprar comida. E quase 7 em cada 10 moradores de favelas afirmam que a pandemia fez piorar sua alimentação, 25% a mais que em agosto de 2020. Com o fim do auxílio emergencial, 67% irão precisar cortar despesas básicas, como comida e itens de limpeza.
Dados Data Favela Fev/21