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Diretoria do PT da Paraíba entrega cargos. Levante é sintoma de crise anunciada pós intervenção da Nacional

O PT da Paraíba enfrenta nova crise. Em carta entregue ao presidente da legenda, Jackson Macedo, parte da direção entregou os cargos em protesto à recomposição interna imposta pela executiva nacional na última sexta-feira (29).

No documento, o grupo de oposição denominado Coletivo Reviravolta Paraíba, faz uma série de críticas ao comando de Macedo e ao que chama de  “obediência cega” a Ricardo Coutinho, taxado de “autoritário e desagregador”.

O Coletivo fala alega ainda que houve falta de respeito aos votos que o elegeu e de compromisso com o estatuto do partido. Apesar da decisão, os militantes permanecem filiados e em defesa da candidatura de Lula à presidência da República.

Leia a carta na íntegra:

02 de maio de 2022
Ao Presidente do PT da Paraíba
Jackson Macedo

Sr. Presidente,

assim nos dirigimos a sua pessoa pelo simples fato de que você foi eleito, assim como nós, no último Processo
de Eleições Diretas (PED) e nesta condição o respeitamos.
Todavia, vivenciamos tempos estranhos no PT paraibano sob a sua presidência. Há muito suas atitudes são de
fazer questão em compactuar com afrontas, passando a ignorar as regras estatutárias e transparecendo que
obedece ordens, quaisquer que sejam elas. Demonstrando estar sintonizado com uma prática de caráter
stalinista.

O PT sempre foi um partido extremamente democrático, mas, sob a sua Presidência, as reiteradas requisições
para que a Direção Nacional imponha o seu autoritarismo em desacordo ao estatuto, pelo simples fato de ter
perdido a maioria, faz de você um ventríloquo de um enredo triste.
Ao externamos esta impressão, a fazemos a partir de fatos. No processo que antecedeu as eleições de 2020,
todos nós tínhamos a mesma posição política e aqui o incluímos. Ou seja, defendíamos candidatura própria
para João Pessoa. E de forma unânime, sem qualquer recurso, a tática eleitoral foi aprovada. É fato que novas
situações advieram, entretanto não havendo construção coletiva para um acordo interno, o estatuto deveria ser
respeitado, mais especificamente o § 1°, art. 156. Contudo, sua posição foi a mais cômoda, defender quem
emitiu ordens anti estatutárias.

Passado esse processo e sem qualquer observância estatutária(art. 233), dirigentes históricos deste partido são
punidos de forma injusta, através de um processo de exceção, levando companheiros à desfiliação. Um para
ser candidato a reeleição e outro por não aceitar ser punido pelo seu exercício profissional. Qual sua posição?
Balançar a cabeça, em nome da obediência cega.

Chegamos, por fim, ao ato final, a total falta de respeito a um princípio sagrado: o voto. A sua eleição como
presidente deste partido é igual à nossa eleição como integrantes desta direção. Fomos eleitos com as mesmas
regras. Para nossa surpresa, a Comissão Executiva Nacional promove uma reorganização da direção do PT
paraibano, aparentemente sob sua solicitação, cassando mandados de dirigentes eleitos, em total desrespeito
ao art. 37 do estatuto.

Feitas tais considerações, nós, abaixo-assinados e assinadas, em total repúdio, na condição de cassados e
perseguidos, deixamos a direção do PT da Paraíba, registrando que a atual situação que ora vivenciamos é
fruto de um arranjo político promovido pelo Sr. Ricardo Coutinho, que se apresenta por onde passou como um
autoritário e desagregador.
Deixamos de forma expressa que continuaremos filiados ao PT na defesa intransigente da política que amplie
as condições de termos na Paraíba a melhor campanha em favor de Lula Presidente.

Coletivo Reviravolta Paraíba
Edvan Silva
Danúbia Kelly
Cely Andrade
Maraiane Pinto de Sousa
Edinaura Almeida de Araujo
Robson Araújo
Aline Machado
Adriano Almeida da Silva
Éder Dantas
Rodrigo Freire
Marcus Túlio Campos
Charliton Machado
Edson Franco de Moraes