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Operação Território Livre: entenda as fases da investigação que abala a política em João Pessoa

A Operação Território Livre, deflagrada pela Polícia Federal e o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba, trouxe à tona uma investigação que abala o cenário político de João Pessoa durante as eleições municipais. A operação, que já passou por três fases, apura denúncias de aliciamento violento de eleitores e a atuação de uma organização criminosa destinada a manipular o resultado eleitoral na capital paraibana, e culminou, neste sábado (28), com a prisão da primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena.

Fases 1, 2 e 3 da Operação

A primeira fase da operação ocorreu no início de setembro, com a execução de três mandados de busca e apreensão no bairro São José, periferia de João Pessoa. Durante essa fase, a polícia apreendeu R$ 35 mil em dinheiro, celulares, documentos pessoais de diversas pessoas e contracheques de funcionários da prefeitura.

Esses materiais levantaram suspeitas sobre a existência de um esquema de manipulação eleitoral, no qual dados pessoais e cargos públicos eram utilizados para influenciar eleitores em comunidades estratégicas da cidade. A apreensão de contracheques de pessoas que não moravam no local das buscas foi um dos indícios que consolidou essa hipótese, direcionando as investigações para uma rede mais ampla de aliciamento político.

A segunda fase da Operação Território Livre representou um passo importante na investigação, com a prisão da vereadora Raíssa Lacerda (PSB). Ex-secretária municipal de Cidadania e Direitos Humanos e aliada do prefeito Cícero Lucena, Raíssa foi detida sob suspeita de envolvimento direto no esquema de aliciamento de eleitores.

Essa fase também aprofundou o inquérito que envolve Lauremília Lucena, mulher do prefeito, que, segundo a Polícia Federal, estaria agindo para garantir apoio de líderes comunitários e grupos que têm influência direta sobre os eleitores nas áreas periféricas da cidade.

A terceira fase da operação, denominada “Sementem”, foi deflagrada neste 28 de setembro, culminando na prisão preventiva de Lauremília Lucena e da secretária Tereza Cristina Barbosa Albuquerque, conhecida como Cris. Essa fase visa consolidar as provas coletadas nas fases anteriores e avançar na compreensão da estrutura de uma possível organização criminosa atuante nas eleições municipais.

Lauremília, apontada como figura central no esquema, é acusada de gerenciar a oferta de cargos públicos como moeda de troca para garantir apoio eleitoral de líderes comunitários. A investigação sugere que esse apoio foi obtido em troca de favores e benefícios, fortalecendo a influência da administração municipal em comunidades estratégicas para o processo eleitoral.

Denúncias de ameaças e influência do crime organizado

Paralelamente às investigações, surgiram denúncias de candidatos da oposição sobre ameaças e intimidações sofridas durante a campanha eleitoral. Em 15 de agosto, o deputado federal e candidato a prefeito Ruy Carneiro (Podemos) registrou um boletim de ocorrência após ser forçado a suspender uma atividade de campanha no bairro Cristo Redentor, devido a ameaças de criminosos.

O candidato relatou outros episódios de intimidação, incluindo ameaças a uma apoiadora que foi avisada por criminosos de que seria expulsa do bairro caso participasse de sua propaganda eleitoral. Outros candidatos também mencionaram dificuldades para realizar eventos de campanha em algumas comunidades, alegando que essas áreas estavam sob o controle de grupos ligados à prefeitura.

Repercussões políticas

Diante das denúncias e das operações da Polícia Federal, o prefeito Cícero Lucena lamentou a atitude de seus adversários, afirmando que eles estão “unidos em um posicionamento antagônico às tradições democráticas da Paraíba”. Cícero reforçou que João Pessoa sempre foi uma cidade pacífica, com eleições tranquilas, e que as acusações contra ele e sua família são tentativas de manchar a imagem da cidade e de sua gestão.

A Operação Território Livre segue em andamento, e o impacto de suas investigações pode alterar os rumos das eleições municipais em João Pessoa. De acordo com a última Pesquisa divulgada pela Real Time Big Data em João Pessoa, Cícero Lucena (PP) tem 53% das intenções de voto; Luciano Cartaxo (PT) e Ruy Carneiro (Podemos), 13%; e Marcelo Queiroga (PL), 10%. A Pesquisa ouviu mil eleitores em 23 e 24 de setembro e tem margem de erro de 3 pontos percentuais.