Especialista em Reprodução Humana, Dr. Guilherme Carvalho explica como a obesidade prejudica a fertilidade feminina
A Federação Mundial de Obesidade aponta que até 2030, no Brasil, 29,7% da população viverá com obesidade, sendo 32,2% desse total, mulheres. O dado é preocupante e chama ainda mais atenção em virtude das alterações endócrinas causadas pelo excesso de peso na saúde feminina, capaz de ocasionar uma série de doenças, entre elas, a infertilidade. O médico ginecologista, obstetra, especialista em Nutrologia pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) e em Reprodução Humana pelo Hospital Sírio Libanês, Dr. Guilherme Carvalho (CRM/PB 7011), alerta mulheres que possuem o desejo de engravidar em relação à importância de tratar a obesidade.
Segundo o médico, a doença causa alterações na produção de hormônios essenciais para a fertilidade, como o estrogênio e a progesterona nas mulheres. “O excesso de tecido adiposo leva a um desequilíbrio hormonal, que afeta diretamente o ciclo menstrual e a ovulação. Isso pode resultar em ciclos anovulatórios, menstruações irregulares e dificuldades no desenvolvimento de uma gestação saudável. Estudos apontam que a obesidade é responsável por um risco aumentado de subfecundidade e infertilidade, principalmente relacionada ao eixo hipotálamo-hipófise-ovariano (HPO), má qualidade dos óvulos e alteração da receptividade endometrial. Inclusive, uma dessas pesquisas, publicada pela Universidade de Oxford, realizada em mais de 7 mil mulheres, comprovou a redução da fecundidade em mulheres obesas com ciclo menstrual regular. Não se trata de uma suposição, já existe comprovação científica em relação à obesidade como fator de infertilidade”, explica.
Uma outra realidade que dificulta o tratamento, é a romantização da obesidade, cada vez mais presente no Brasil. “Combater o preconceito em relação ao corpo é preciso, mas não pode significar que permanecer na obesidade é saudável. É importante esclarecer que se trata de uma doença, produto de múltiplos fatores, e enfatizar para a sociedade que é uma patologia e não um estilo de vida. Quando encarada desta forma, fica mais simples buscar tratamento médico para sair desse quadro. Dentro desse contexto multifatorial da obesidade, é possível perceber fatores que podem ser endógenos, ou seja, genéticos, psicológicos e associados à alterações do eixo neuro-endócrino-metabólico; e exógenos, vinculados aos hábitos alimentares, sedentarismo e qualidade do sono”, destaca Dr. Guilherme Carvalho.
Nesse cenário, o médico também fala sobre o uso de medicamentos para tratamento da obesidade como alternativa para combater a infertilidade, como Semaglutida (Ozempic, Wegovy), Tirzepatida (Mounjaro) e a importância do uso com acompanhamento médico. “Eu receito essas medicações para pacientes que estão com obesidade e que possuem sintomas que exigem o uso da medicação. No entanto, o que percebemos hoje é um uso desenfreado e sem acompanhamento médico devido, de um profissional habilitado para tratar a doença. O uso dessas medicações não prejudica a fertilidade da mulher, ao contrário, se utilizadas de forma correta, são capazes de combater a obesidade e melhorar a saúde fértil da mulher”, destaca o médico.
Obesidade e SOP – A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino comum, que afeta uma em cada cinco mulheres em idade reprodutiva. É sustentada pela resistência à insulina e está associada a características metabólicas, reprodutivas e psicológicas. Mulheres com SOP apresentam taxas mais altas de obesidade e adiposidade central em comparação com mulheres que não possuem a síndrome. “A SOP é uma condição hormonal que afeta a ovulação e é intensificada pelo sobrepeso. No Brasil, a prevalência de sobrepeso e obesidade nas pacientes com SOP ultrapassa os 70%. Além disso, uma vez grávidas, as mulheres com a síndrome apresentam risco significativo na gravidez, algo que exige um pré-natal ainda mais atencioso, porque são suscetíveis à diabetes gestacional, distúrbios hipertensivos, parto prematuro e cesário”, aponta o médico.
Sobre Guilherme Carvalho – Médico formado pela Universidade de Pernambuco (UPE), atua há mais de 15 anos na Paraíba. Professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e presidente do Instituto Paraibano de Ensino em Ginecologia e Obstetrícia – IPEGO. Possui residências médicas em Reprodução Humana e Ginecologia e Obstetrícia pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – IMIP. Também tem pós-graduação em Reprodução Humana pelo Hospital Sírio Libanês, referência nacional na área da saúde. Nutrólogo, se destaca pelo atendimento humanizado e ampliado no tratamento feminino, sendo coordenador do Instituto de Saúde Integrada da Mulher (Instituto Sim).