Mais de 8 milhões de mulheres perderam emprego no Brasil durante pandemia da Covid-19
A pandemia causada pelo coronavírus tem impactado as mulheres em seus mais diversos contextos e realidades, atingindo seus postos de trabalho, suas rotinas, suas responsabilidades domésticas e as relações em seus lares. A ONU Mulheres realizou um levantamento junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e constatou que 8,5 milhões de brasileiras perderam os empregos no terceiro trimestre de 2020.
Uma enquete também foi realizada. “Mulheres, trabalho e pandemia” mostrou que do total das participantes, 74% tiveram que parar de trabalhar para cuidar dos filhos ou de alguém da família; 66% das que tinham carteira assinada, perderam a vaga de trabalho formal. Um outro levantamento da ONU Mulheres expôs outra chaga da crise: 72% dos trabalhadores domésticos, a maioria mulheres, perderam o trabalho ou tiveram redução de carga horária devido à pandemia do coronavírus.
Josy Pereira, 43 anos, trabalhou pouco mais de dois anos em uma empresa privada da capital paraibana como faxineira. Foi dispensada em agosto de 2020 sem direito a seguro-desemprego porque emitia nota fiscal como pessoa física. Mãe solo, com três filhos, dois deles menores de idade, vem se virando com faxina: “tem sido muito difícil pra mim porque a quantidade de faxinas caiu. Tinha casa que eu ia uma vez por semana e agora tô indo duas vezes no mês, às vezes uma só. Já distribuí muito currículo e nada”, revelou.
O achatamento salarial é outro problema. No Brasil, as mulheres recebem 25% a menos que os homens por hora trabalhada na pandemia. O percentual é maior que o registrado na América Latina e no Caribe (17%). Os dados são de um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que avaliou a diferença salarial entre os sexos em diferentes setores do mercado de trabalho.
Na Paraíba, para tentar diminuir essa desigualdade, a deputada Camila Toscano (PSDB) e vice-presidente de Assuntos Legislativos da Secretaria da Mulher na União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), sugeriu em alusão ao mês do trabalho e por meio de uma ação da Comissão dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa (ALPB), que empresas privadas, entidades representativas e Governo do Estado adotem medidas que possam reverter essa realidade no estado com o objetivo de promover equidade salarial entre os que ocupam o mesmo cargo, independentemente de gênero.
“É preciso discutir e encontrar uma solução para milhões de mulheres que perderam seus postos de trabalho durante a pandemia causada pelo coronavírus. Precisamos construir soluções para promoção de geração de igualdade, sem deixar nenhuma mulher para trás. As respostas econômicas à pandemia precisam considerar a realidade de vulnerabilidade dessas mulheres para que possamos desenvolver políticas públicas voltadas a elas que, em muitos casos, são chefes de família e precisam do trabalho para levar comida para casa”, destacou Camila.
O que Camila propõe é um esforço concentrado que gere iniciativas capazes de fazer a diferença na vida de trabalhadoras paraibanas e na economia do estado. Josy torce para que a discussão ganhe força: “tomara, né? Eu não perdi a esperança de conseguir um emprego na carteira. Tenho fé que vou conseguir”, disse.