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Juíza condiciona vacinação de profissionais da Educação em João Pessoa à comprovação da imunização de grupos prioritários por parte da PMJP

A juíza Cristina Maria da Costa Garcez, da 3ª Vara Federal de João Pessoa, atendeu pedido do Ministério Público Federal na Paraíba e do Ministério Público Estadual e vetou a vacinação de profissionais da Educação na capital, salvo se todos os grupos prioritários tiverem sido imunizados conforme a indicação do Plano Nacional de Imunização (PNI).

Segundo a magistrada, devido à falta de vacina,  a população privada da liberdade, funcionários do sistema penitenciário e pessoas em situação de rua devem ter prioridade sobre os professores e técnicos. À Prefeitura de João Pessoa (PMJP) foi concedido prazo de 72 horas para comprovar que já atingiu as metas estabelecidas no PNI e que há vacinas em estoque para incluir professores e técnicos.

“Concedo, parcialmente, a antecipação de tutela, para determinar que o Município de João Pessoa se abstenha de vacinar os trabalhadores da educação enquanto não respeitada a prioridade das pessoas em situação de rua, da população privada de liberdade e funcionários do sistema de privação de liberdade, na ordem prevista no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19”, sentenciou.

Entenda o caso

Na manhã desta sexta-feira (14), o secretário de Saúde de João Pessoa, Fábio Rocha, em entrevista a uma emissora de TV na capital, criticou iniciativa dos Ministério Público da Paraíba e Ministério Público Federal para barrar vacinação dos profissionais da Educação a partir deste domingo (16). Segundo ele, é uma “aberração”. Os MPs alegam que a PMJP está furando o Plano Nacional de Imunização  e por isso entraram com pedido de liminar na justiça. Rocha, rebateu:

“Nada como a justiça para resolver. Temos consciência que, baseados na ciência, estamos fazendo o correto. Estamos obedecendo rigorosamente o entendimento da medicina, o PNI e vamos, sim, vacinar no domingo se chegar vacina, se não forem bloqueadas por alguma aberração. Mas respeito a tentativa e nós temos a Procuradoria para responder. Da parte médica, eu assumo. A parte jurídica, não é comigo.

Esse não é o entendimento dos MPs que acusam a PMJP de adotar critérios próprios de vacinação e alterar a ordem de prioridades. Aqui, já tomaram vacina os hemofílicos, as grávidas sem comorbidade e educadores físicos, por exemplo. Os MPs pedem que a Prefeitura comprove que já atingiu as meta de imunização dos grupos prioritários previstas no PNI sob pena de multa mínima diária de R$ 100 mil reais para a Prefeitura e de R$ 5 mil reais para o secretário de Saúde.

O portal da PMJP traz as fases de vacinação dos grupos prioritários. Trabalhadores da Educação estão na quarta etapa, sem data para início, mas logo depois das Comunidades Quilombolas marcadas para o dia 26 de abril.

Primeira etapa

  • Início: 19 de janeiro
    Trabalhadores da linha de frente de combate à covid-19.
    Situação: concluído
  • Início: 28/01
    Trabalhadores da Atenção básica.
    Situação: concluído
  • Início: 25/01
    Pessoas a partir de 60 anos institucionalizados (em asilos ou abrigos)
    Situação: concluído
  • Início: 29/01
    Idosos acamados ou impossibilitados de locomoção (80+)
    Situação: em andamento
  • Início: 10 de fevereiro
    idosos a partir de 90 anos
    profissionais que colhem o RT PCR para teste da doença
    profissionais da saúde a partir de 60 anos
    profissionais do sistema funerário
    cuidadores domiciliares ativos no home care
  • Início: 1 de março
    idosos a partir de 89 até 80 anos (ordem decrescente)
  • Início: 08 de março
    Idosos a partir de 79 anos até 75 (ordem decrescente)
  • Início: 13 de março:
    Idosos a partir de 74 até 70 anos

Segunda etapa

  • Início: 20 de março
    Pessoas com 69 anos ou mais
  • Início: 22 de março
    65 anos ou mais
  • Início: 01 de abril
    Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Síndrome de Down
  • Início: 03 de abril
    60 anos ou mais

Terceira etapa

  • Início: 8 de abril
    Pessoas com comorbidades
  • Início: 26 de abril
    Comunidades quilombolas

Quarta etapa

  • Trabalhadores de educação
  • força de segurança e salvamento
  • funcionários do sistema prisional e presidiários

Estados e Municípios podem alterar os grupos prioritários?

A regra é que Estados e municípios sigam o PNI e a política de imunização definida pelo governo federal. Mas há histórico de alteração na campanha de vacinação contra a covid-19. Fizeram ajustes em suas campanhas São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Amazonas, Goiás, Fortaleza, a cidade do Rio de Janeiro, Porto Alegre. Os três primeiros vacinaram os professores antes da população com mais de 60 anos ou com comorbidades. Fortaleza e Rio também priorizaram a vacinação dos profissionais da Educação.

Revolta nas redes

A ação dos Ministérios provocou reação nas redes sociais. Vários perfis têm publicado mensagens em apoio à vacinação dos professores e técnicos da Educação na capital. Em um das postagens, no twitter, um internauta pergunta: “quem precisa de inimigos tendo o MP entrando com ação pra barrar a vacinação de professores em João Pessoa?” O presidente do PSOL na Paraíba, Tárcio Teixeira, comentou e marcou o perfil oficial do MPPB: “O mesmo @mppboficial que “em busca de igualdade” recomendou retornar as aulas presenciais na rede pública, ao invés de recomendar garantir boa internet e equipamentos para o ensino remoto”, escreveu.