Nível recorde: endividamento cresce e atinge 80% das famílias brasileiras
Em setembro, a proporção de endividados entre os consumidores com renda inferior a 10 salários mínimos aumentou 0,4% e atingiu 80,3%, o maior patamar da série histórica. No grupo de famílias com maior renda, a proporção de endividados manteve-se estável em setembro, mas cresceu mais na comparação anual (ampliação de 7 pontos percentuais) do que entre as famílias de menor renda .
Desde o início da pesquisa, em 2010, o mês de setembro teve o índice mais alto destes últimos 22 anos no volume de consumidores que atrasaram o pagamento de dívidas, com a taxa em 30%.
“Embora os atrasos tenham crescido no mês e no ano entre os consumidores nas duas faixas de renda, as dificuldades de pagamento de todos os compromissos do mês são mais latentes entre as famílias de menor renda”, afirmou a economista da CNC responsável pela apuração, Izis Ferreira, no documento da entidade.
Bens retomados
Na Síntese Especial de setembro, documento elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os economistas afirmaram que o endividamento tem também como causa a imprevisibilidade na vida do trabalho por conta da informalidade e por empregos sem estabilidade e direitos.
“Emprego desprotegido e instável gera renda instável e, assim, a vida dos brasileiros fica mais difícil. Como planejar algo futuro se não se sabe se vai haver renda no dia de amanhã e de quanto será? E com menos dinheiro e os preços dos itens básicos (alimentação, energia elétrica, aluguel, gás) altos, o resultado é o endividamento”, informa a síntese.
O Dieese chamou a atenção, ainda, para o fato de que as dívidas não estão relacionadas a investimentos de bens duráveis, como imóveis, por exemplo, mas sim com o básico do dia a dia e com as despesas mais importantes, como alimentos e transporte.
“São dívidas vinculadas às despesas correntes, como alimentação, tarifas públicas, habitação, entre outros, e não resultantes de investimentos na compra de bens, como a casa própria, por exemplo. Inclusive, cresce a retomada de bens (carros e imóveis) por inadimplência e para pagamento de dívidas”, conclui o documento.