Opinião

Novas regras antecipam articulações eleitorais na Paraíba

Tem muita peça pra jogo no tabuleiro político paraibano. Peças acessórias. É o efeito 2022. É que nas eleições do ano que vem as regras serão diferentes de 2018. Não haverá mais coligações proporcionais, o que torna o nível de competitividade na formação de chapas bem maior e aumenta também o troca-troca de partidos. Políticos de legendas ameaçadas pela Cláusula de barreira estão atentos.

Não à toa já tem gente fazendo cálculos e de malas pronta para outra legenda. O deputado Eduardo Carneiro, por exemplo, deve deixar o PRTB. Vai para o PROS tão logo a brecha da janela partidária  esteja aberta, em abril. O PROS é um partido sem expressão na Paraíba e quer eleger deputados estaduais e pelo menos um federal. Se vai conseguir, são outros quinhentos. A preço de hoje, o PROS paraibano está zerado em representação nos parlamentos.  PROS é centrão, agrupamento que vem crescendo no país, mais por atropelo do destino e menos por força política.

Na Paraíba, 92 cidades têm um prefeito de algum partido do centrão: PL, PP, Republicanos, PSD, PTB, Avante, SD, PROS, PSC estão representados. PL e PP lideram o ranking, com 22 e 21 cidades respectivamente.  E o PP se articula. Daniella Ribeiro quer trocar a Câmara Federal pelo governo da Paraíba. Aguinaldo, o irmão deputado e ex-ministro, manifestou intenção pelo Senado e já começou a sentir o terreno e visitar bases eleitorais. PP tenta abandonar o status de partido de apoio para assumir protagonismo. Surfa na onda do bolsonarismo , da decadência de partidos tradicionais (leia-se PSDB e MDB) e da triste sina do PSB.

Outra dupla familiar deve mudar de casa para disputar as eleições 2022. O deputado federal Wilson Santiago foi destituído da presidência do PTB na Paraíba pelo presidente nacional da legenda, Roberto Jefferson. Ele, e o deputado estadual Wilson Filho, já começaram a garimpagem em busca de um novo partido para chamar de seu. O PTB, por sua vez, deve receber Nilvan Ferreira que não encontrou liga no MDB – é o que reverberam nos bastidores.  Nilvan seria maior obstáculo para João Azevêdo ou para a própria direita paraibana? Esse debate  ficará para adiante.

Voltando… Para além do troca-troca, há outros componentes que tornam 2022 um ano eleitoral diferente como a fusão de partidos e a volta por cima de Lula para a disputa. O PT, em 2020, elegeu apenas um prefeito na Paraíba e não deve lançar candidatura ao governo do Estado. O negócio é criar rede que fortaleça campanha presencial. Por isso o PT pode apoiar a reeleição de João Azevêdo. Lula vem dando sinais de que tudo vale para derrotar Jair Bolsonaro. Essa discussão vai ser amadurecida pelo tempo. Por hora, o debate gira em torno dos peixes pequenos. São esses que já procuram um caminho para se situar na correnteza e não morrer na praia.