Distribuição de recursos de campanha: tudo para uns, nada para a maioria
Terminou ontem o prazo para que candidatos e partidos políticos enviassem à Justiça Eleitoral a prestação parcial de contas dos recursos arrecadados e gastos desde o início da campanha até o dia 20 deste mês. Todos os dados declarados por candidatos e partidos vão ser divulgados amanhã pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mas já há dados nacionais que mostram o tamanho da desproporção da distribuição desses recursos no país. Levantamento da Folha de São Paulo mostra que apenas 0,8% dos candidatos concentram 80% dos fundos públicos de campanha. Quando olhamos para os números, a disparidade é gritante. Há 549 mil postulantes a prefeituras e câmaras municipais no país e R$ 807 milhões de reais liberados até agora. Destes R$ 646 milhões ficaram nas mãos de apenas 4 mil e 600 candidatos. São são os “cavalos premiados”.
Campeões de recursos
Bruno Covas (PSDB), de São Paulo, já recebeu R$ 7,8 milhões de reais. Bruno Reis (DEM), de Salvador, R$ 7,7 milhões. Em terceiro, João Campos (PSB), do Recife, com R$ 7,5 milhões .
São os partidos que concentram esses recursos e que escolhem quem fica com o dinheiro. Essa dinâmica acaba achatando a representação dos diferentes estratos sociais porque exclui boa parte dos postulantes, e dificulta a renovação uma vez que porque os partidos do status quo prevalecem sobre os nanicos . E são esses menores, em sua maioria, que distribuem verbas de forma mais equilibrada entre candidatos: PCO (53%), PCB (51%), PSTU (46%), PSOL (30%), REDE (20%), PT (16%).
No caso do PT, o fatiamento dos recursos ainda está longe do ideal. O partido tem a maior porção do fundo eleitoral porque foi quem mais elegeu deputados em 2018. Lembrando: a maior parte dos recursos que financiam candidaturas e partidos políticos vem dos cofres públicos. É assim desde 2015, com a proibição do financiamento empresarial de campanha. Ao todo são R$ 2,3 bilhões do fundo eleitoral, mais R$ 959 milhões do fundo partidário.
Veja o total de recursos recebidos pelos candidatos à prefeitura de João Pessoa até agora
Anisio Maia (PT) – R$19 mil entre doações e recursos próprios.
Carlos Monteiro (REDE) – R$50 mil do Fundo Especial de Financiamento de Campanha.
Cícero Lucena (PP) – R$510.200,00 entre doações e Fundo Especial de Financiamento de Campanha.
Edilma Freire (PV) – R$1.110.837,67 entre doações e Especial de Financiamento de Campanha.
João Almeida (SOLIDARIEDADE) – R$1.000.000,00 do Fundo Especial de Financiamento de Campanha
Nilvan Ferreira (MDB) – R$620.950,00 do Fundo Especial de Financiamento de Campanha
Rafael Freire (UP) – R$5.060,00 entre doações e recursos próprios.
Raoni (DEM) – R$900.200,00 de doações e Fundo Especial de Financiamento de Campanha.
Ricardo Coutinho (PSB) – R$920.900,00 de doações e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha
Ruy Carneiro (PSDB) – R$1.177.500,00 dentre doações, recursos próprios e Fundo Especial de Financiamento de Campanha.
Wallber Virgolino (PATRIOTA) – R$449.300,08 de doação e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha
Não há dados atualizados da prestação de contas dos candidatos Camilo Duarte (PCO), Ítalo Guedes (PSOL) e Rama Dantas (PSTU) de acordo com o TSE.